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Posts Tagged ‘dor’

Ele estava prostrado…
Os olhos esbugalhados,
Sem luz,
Sem vida…
Não como um bêbado
Ou louco…
Aquela massa insana,
Era,
Toda ela,
A mais miserável dor…

A matilha selvagem aproximou-se lentamente
Os cães vadios de rua o rodearam,
Ali, na praça inerte,
Sem vida,
Como ele,
Naquela madrugada sem luz.
Lugar tenebroso, fétido!
Nada lhe parecia melhor…

O odor abominável de carne podre,
Como a sua,
Vinha do lixão do matadouro ao lado.
Amava e desejava aquele fedor,
Atiçando-lhe as narinas sedentas,
E aos cães vadios de rua a rodeá-lo…

Rosnavam os cães.
Certamente sabiam,
Seu instinto selvagem os alertou,
Tinham carniça à sua frente.
Podiam massacrá-lo se quisessem.
Parecia eminente a morte,
Para ele, nada mais que redenção…

Foi repentina a mudança.
Os cães olharam,
Através dos olhos do homem.
Viram sua alma sem vida.
Era tanta a dor,
Tanta!…
Nem eles, bichos miseráveis de rua,
Haviam visto dor igual…

Calaram-se os cães.
Naquela noite de cães vadios,
Até o feroz chefe do bando,
Compadecido,
Enquanto os outros cães choravam,
Em silêncio respeitoso,
Lambeu-lhe os olhos,
Solidário.
Neles,
A mais odiosa
Dor…

Eduardo Ramos

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About hands and rose by Sarkis Bagharamyan

Não tente me marcar a ferro
Eu posso não ter boa carne

Não me tires do meu eixo
Você pode não conseguir me segurar

Não me negues, quantas vezes for
Eu não sou Cristo, por favor!

Não se inspire na minha dor
Eu não suportaria esse fedor!

AnaCris Martins

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